Oportunidades estão sendo perdidas no gás natural

Projeto de lei do deputado Mendes Thame, apresentado no Congresso, propõe aperfeiçoar a Lei do Gás, para estimular o uso do gás natural e fortalecer sua presença na matriz energética do País. O Brasil dispõe de enormes jazidas de gás natural – a presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, afirma que “o potencial é muito grande”, há gás “em toda parte” -, mas, sem uma política bem estruturada, o País poderá deixar de aproveitar esse potencial. Enquanto no mercado global de gás há aumento da oferta e redução de preço, no Brasil a produção está quase estagnada.

Em 2010, a produção brasileira era da ordem de 77 milhões de m3/dia. Entre 2012 e julho de 2013, foi de 71,1 milhões de m3/dia para 78,5 milhões de m3/dia, segundo a ANP. Com a importação da Bolívia, de 29 milhões de m3/dia, o Brasil poderia consumir até 110 milhões de m3/dia, mas parte do gás é perdida e a Petrobrás não assegura a oferta de gás natural para novas usinas térmicas, que precisam contratar o fornecimento por longos períodos. A falta de uma política clara para o gás explica a construção de usinas a carvão e óleo combustível.

A oferta interna de gás crescerá nos próximos anos, com o deslocamento da produção de petróleo (e gás associado) da Bacia de Campos para a Bacia de Santos. Nesta, a relação entre a produção de gás e a de petróleo é quase três vezes maior, disse o diretor da consultoria Gas Energy, Marco Tavares, ao jornal Valor. Até 2020 o Brasil deverá duplicar a produção de gás.

O mercado de gás está quase totalmente nas mãos da Petrobrás. Mas, segundo o especialista Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura, “a falta de planejamento e de regulação é total”. Motivos: monopólio virtual da Petrobrás, mercado verticalizado, política de preços diferentes, falta de acesso garantido aos gasodutos e a presença de um único ofertante.

Sem oferta garantida, os consumidores se retraem. Indústrias de vidro e cerâmica já foram atingidas e agora é o setor petroquímico que reclama. O argumento é que o preço do gás é mais baixo no exterior (nos EUA, da ordem de US$ 3,50 a R$ 4,5 o milhão de BTU, enquanto no Brasil supera US$ 12,00 o milhão de BTU). A exploração do gás de xisto americano poderá desequilibrar mais ainda o mercado. Se o Brasil tem enormes jazidas, deve aproveitar a oportunidade com uma política que assegure a oferta a preços competitivos e livre acesso aos dutos.

 

Mais artigos

Resolução ANP Nº 982 DE 21/05/2025

Estabelece as especificações do gás natural, nacional ou importado, e as obrigações quanto ao controle da qualidade a serem atendidas pelos agentes econômicos que comercializam ou transportam o produto em território nacional.   Publicado no DOU em 22 maio 2025 A DIRETORIA DA AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS – ANP, no exercício das

Leia mais

MME abre consulta pública sobre decreto do Programa de Incentivo ao Biometano

Ministério também realizará uma audiência pública sobre o tema no dia 21/05, das 14h às 18h, no Auditório Observatório Nacional da Transição Energética O Ministério de Minas e Energia (MME) abriu, nesta segunda-feira (12/05), consulta pública sobre o decreto que regulamenta o Programa Nacional de Descarbonização do Produtor e Importador de Gás Natural e de

Leia mais

PRORROGAÇÃO – CONSULTA PÚBLICA ARSAL Nº 002/2025 – GÁS CANALIZADO

AVISO DE CONSULTA PÚBLICA – ARSAL Nº 002/2025 Processo SEI n° E:25529.0000000392/2025 A Diretora do Conselho Executivo de Regulação no Exercício da Presidência, Sra. Camilla da Silva Ferraz, no uso de suas atribuições conferida pela Lei Ordinária nº 6.267, de 20 de setembro de 2001, com suas alterações advindas pela Lei n.º 7.151, de 5

Leia mais
Desenvolvido por Danilo Pontechelle